quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
As Duas Marmitas
Dia de chuva, nublado. Ponto de ônibus que nem placa de ponto tem, que dirá um banquinho. Encostada na parede úmida, espero como quem nem quer chegar a lugar algum. Não é incomum que alguma figura notável por olhos atentos e ignorada pelo mundo desça de um ônibus capenga desses. O da vez era um senhorzinho muito magro, só ossos e cartilagem de nariz; Tinha um sorrisinho distraído que vencia a gravidade e duas marmitas, uma em cada mão. Desceu piando nas poças com os pés calçados co chinelos de verão. Sacudiu os pés como se isso fosse capaz de secá-los e olhou para cada lado da estrada como quem ia atravessar. Talvez o sorriso se desse porque faltava pouco para almoçar com alguém. Ou até mesmo, podia almoçar duas marmitas sozinho. De qualquer forma, eu também sorria. No entanto, veio outro ônibus também caindo aos pedaços e ele ergueu o braço com o alter alimentício. Estava mais longe do que eu imaginava. Ele sim tinha que chegar a algum lugar. Já de barriga cheia, talvez eu devesse ir a algum lugar também.
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