Se tinha um colo para morrer era muito. Talvez tivesse ficado por piedade, mas ao menos tinha alguém para ouvir seus últimos sussurros. Um amigo, talvez. Não adiantaria lhe contar toda a história, nem mesmo lamentar, mas, mesmo assim, era tudo o que acontecia em sua mente.
Ela o amava de toda a alma e coração. Acreditava que ele a amava também. Talvez não tão intensamente, mas o pouco que ele lhe guardasse, já era o suficiente. Não permaneceram juntos por questões de tempo, de condições, de meios. Ela estava absolutamente errada em insistir. Deveria ir para a forca para pagar minimamente seus pecados.
A esposa dele estava quase para ter seu filho. Todos acreditavam que seria um menino. O esperado. Ele andava tão interessado pela criança, que a pobre moça fora deixada de lado. Despediu-se dela.
Um último beijo. Nem ao menos fora o mais carinhoso dos beijos. O sabor era de piedade. Adeus.
Nunca chegou a lhe contar. Também tinha um menino no ventre. Mas não há quem se importe com o ventre da amante. Ou com o corpo, com a vida ou com o coração.
Não sabia que era possível morrer de tristeza até que seu momento chegou.
Dói muito. Está escuro. Eu vou embora.
E foi.
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