A respiração é mais complexa que o movimento do tórax.
O movimento é mais complexo que o que nossos olhos podem ver.
A visão é mais complexa que as imagens que aparecem em nossas mentes.
Nossas mentes são mais complexas do que a sequência incalculavelmente veloz dos pensamentos.
Os pensamentos são tão complexos que se associam ao sentir.
E eu sinto que quanto mais penso, mais complexas são as coisas.
E quanto mais compreendemos as complexidades, menos somos gratos por elas.
Virtuosos os simples que amam mesmo o que não entendem.
Por: Maria Clara L.
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
vão de vagão
eles tinham o olhar fixo um no outro,
de muito mal desviar pra entrar no vagão do metrô sem tropeçar no vão.
acho que é culpa da confiança que o amor dá de que nunca vai dar nada errado enquanto estiverem juntos.
tem muita história naqueles olhos que não se desviam.
talvez tenham se conhecido há umas semanas ou talvez há anos,
mas têm uma energia de quem se conhece faz vidas,
de quem cresceu e cultivou juntos.
não faço ideia de quem são,
de onde vieram ou para onde vão,
mas o amor deles é tão grande que me arrebata.
quero um amor bom desses que preenche o coração dos poetas.
de muito mal desviar pra entrar no vagão do metrô sem tropeçar no vão.
acho que é culpa da confiança que o amor dá de que nunca vai dar nada errado enquanto estiverem juntos.
tem muita história naqueles olhos que não se desviam.
talvez tenham se conhecido há umas semanas ou talvez há anos,
mas têm uma energia de quem se conhece faz vidas,
de quem cresceu e cultivou juntos.
não faço ideia de quem são,
de onde vieram ou para onde vão,
mas o amor deles é tão grande que me arrebata.
quero um amor bom desses que preenche o coração dos poetas.
terça-feira, 28 de junho de 2016
Retorno
Eu retornei à casa onde nasci e acreditei que eu ainda conhecia algo.
Não sabia onde estavam as tomadas, as paredes estavam mudadas e embora a porta do quarto, os suportes das redes, e alguns armários continuassem os mesmos, eles eram apenas objetos. não eram meus. Busquei com os olhos ávidos apenas uma coisa: minhas marcas de altura em uma pilastra. Não estavam lá. Massa corrida escondia minhas memórias. Quis chorar. Briguei comigo mesma mentalmente: que adianta bancar a não-materialista se quer chorar pela ausencia de traços de giz? Eu não tenho mais a mesma altura, nem a mesma casa, nem a mesma vidas.
Tudo muda e, um dia, assim como as memórias, toda a matéria será carregada pelo vento. Pelo tempo.
Não sabia onde estavam as tomadas, as paredes estavam mudadas e embora a porta do quarto, os suportes das redes, e alguns armários continuassem os mesmos, eles eram apenas objetos. não eram meus. Busquei com os olhos ávidos apenas uma coisa: minhas marcas de altura em uma pilastra. Não estavam lá. Massa corrida escondia minhas memórias. Quis chorar. Briguei comigo mesma mentalmente: que adianta bancar a não-materialista se quer chorar pela ausencia de traços de giz? Eu não tenho mais a mesma altura, nem a mesma casa, nem a mesma vidas.
Tudo muda e, um dia, assim como as memórias, toda a matéria será carregada pelo vento. Pelo tempo.
Partilha
Talvez eu não lhe ame do jeito que você merece ser amado. Assim como, talvez, você não me ame do jeito que eu mereça ser amada. A gente é diferente a beça, a gente sabe. Mas a gente se interessa por umas coisas parecidas, e podia até correr atrás delas juntos. Também sabemos disso.
Eu quero mais de nós. Mas não precisa ser muito mais não, só o suficiente.
E pra mim é suficiente partilhar esse espaço-tempo contigo e ouvir o teu silêncio se enlaçar com o meu. Ver tuas ideias misturarem com as minhas. Falar de coisas tão profundas que a gente esquece do que tá falando e como chegou aqui. Murmurar um segredo tão bobo que chega a ser inesperado. Correr sabendo que mesmo que um se atrase, o prêmio é partilhado. Um admirar o sorriso do outro. Observar a luz do sol contra nossas silhuetas e a aura da lua contra nossas almas. Guardar esses lugares do espaço, do tempo, da memória, do momento, num lugar só nosso. Um se explodir no outro e se reconstituir. Viver mais do que lembrar. Ser e estar em partilha.
Talvez a gente se ame do jeito que merece.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
As Mãos
Mostrou-me a face,
Escondeu-me as mãos.
Teu coração em disfarce
Faz da afirmativa um não.
Negastes as marcas,
Disseste que cicatriz não há.
Tuas mentiras são harpas
Desafinadas, lançadas ao mar.
Desapegado o músico
Que não utiliza tal instrumento,
Pois cego no fusco
Não lhe abala o tormento.
Reformas tua alma
E refaz a ação.
Portanto, afines a harpa
E revelas as mãos.
terça-feira, 21 de junho de 2016
Eu vou embora
Se tinha um colo para morrer era muito. Talvez tivesse ficado por piedade, mas ao menos tinha alguém para ouvir seus últimos sussurros. Um amigo, talvez. Não adiantaria lhe contar toda a história, nem mesmo lamentar, mas, mesmo assim, era tudo o que acontecia em sua mente.
Ela o amava de toda a alma e coração. Acreditava que ele a amava também. Talvez não tão intensamente, mas o pouco que ele lhe guardasse, já era o suficiente. Não permaneceram juntos por questões de tempo, de condições, de meios. Ela estava absolutamente errada em insistir. Deveria ir para a forca para pagar minimamente seus pecados.
A esposa dele estava quase para ter seu filho. Todos acreditavam que seria um menino. O esperado. Ele andava tão interessado pela criança, que a pobre moça fora deixada de lado. Despediu-se dela.
Um último beijo. Nem ao menos fora o mais carinhoso dos beijos. O sabor era de piedade. Adeus.
Nunca chegou a lhe contar. Também tinha um menino no ventre. Mas não há quem se importe com o ventre da amante. Ou com o corpo, com a vida ou com o coração.
Não sabia que era possível morrer de tristeza até que seu momento chegou.
Dói muito. Está escuro. Eu vou embora.
E foi.
Ela o amava de toda a alma e coração. Acreditava que ele a amava também. Talvez não tão intensamente, mas o pouco que ele lhe guardasse, já era o suficiente. Não permaneceram juntos por questões de tempo, de condições, de meios. Ela estava absolutamente errada em insistir. Deveria ir para a forca para pagar minimamente seus pecados.
A esposa dele estava quase para ter seu filho. Todos acreditavam que seria um menino. O esperado. Ele andava tão interessado pela criança, que a pobre moça fora deixada de lado. Despediu-se dela.
Um último beijo. Nem ao menos fora o mais carinhoso dos beijos. O sabor era de piedade. Adeus.
Nunca chegou a lhe contar. Também tinha um menino no ventre. Mas não há quem se importe com o ventre da amante. Ou com o corpo, com a vida ou com o coração.
Não sabia que era possível morrer de tristeza até que seu momento chegou.
Dói muito. Está escuro. Eu vou embora.
E foi.
quarta-feira, 1 de junho de 2016
coque e metrô
essa vida de coque e metrô não me pertence
eu vivencio o mundo é com os pés descalços e um vento gostoso no rosto
pertenço aos artistas e não aos mandantes
os ricos acumulam pra viver bem, mas só sobrevivem
os pobres trabalham para sobreviver, e, quando se veem livres, vivem
passo longe da egocentria anciã dos afetados
sorrio para os que trançam suas emoções com eterna alegria juvenil
eu vivencio o mundo é com os pés descalços e um vento gostoso no rosto
pertenço aos artistas e não aos mandantes
os ricos acumulam pra viver bem, mas só sobrevivem
os pobres trabalham para sobreviver, e, quando se veem livres, vivem
passo longe da egocentria anciã dos afetados
sorrio para os que trançam suas emoções com eterna alegria juvenil
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Pardon, ami.
Não diga que não tive coração,
Pois que minha mente agiu sob intenções que não entendia.
Para que a razão de analisar-te a alma
E tomar-lhe os sentimentos, se não pude distinguir o que sentia?
Perdoe-me, amigo.
Perdoe-me por não me conhecer o suficiente para não lhe ferir.
Perdoe-me por não perdoá-lo.
Perdoe-me por não perdoar-me.
Sou Atlas e o mundo de culpa recai-me aos ombros.
Anseio pela vida em que eu me estabilize,
Em que eu me perdoe,
Em que eu entenda o amor em sua verdadeira face.
Não lhe peço que me ensines a amar,
Não lhe peço que faça nada por mim,
Pois que não o mereço.
Peço apenas, amigo, que me perdoe.
Pardon. Je suis désolé, ami. Pardon.
Pois que minha mente agiu sob intenções que não entendia.
Para que a razão de analisar-te a alma
E tomar-lhe os sentimentos, se não pude distinguir o que sentia?
Perdoe-me, amigo.
Perdoe-me por não me conhecer o suficiente para não lhe ferir.
Perdoe-me por não perdoá-lo.
Perdoe-me por não perdoar-me.
Sou Atlas e o mundo de culpa recai-me aos ombros.
Anseio pela vida em que eu me estabilize,
Em que eu me perdoe,
Em que eu entenda o amor em sua verdadeira face.
Não lhe peço que me ensines a amar,
Não lhe peço que faça nada por mim,
Pois que não o mereço.
Peço apenas, amigo, que me perdoe.
Pardon. Je suis désolé, ami. Pardon.
sexta-feira, 6 de maio de 2016
não sei por onde começar
não está tão frio assim
tenho algumas ideias na cabeça
não sei por onde começar de novo
começo por você porque já é de praxe
sempre foi mais fácil especular sobre o dentro do outro do que sobre o nosso próprio dentro
você é só olhar
aqueles olhos grandes cheios de coração remexido e guardado
não sou nem doida de tentar arrumar
prefiro dançar nesse salão bagunçado
até as coisas irem pro lugar com o vento dos meus rodopios
eu tinha saudades quando não te via
não lembro dos nossos planos
mas a gente se acha
mesmo depois de uma tarde por aí
ou uma noite por aqui
embaixo das estrelas que caem sobre nossas faces
há uma mensagem nelas
eu não consigo ler
talvez não estejam caindo
tenho algumas ideias na cabeça
não sei por onde começar de novo
começo por você porque já é de praxe
sempre foi mais fácil especular sobre o dentro do outro do que sobre o nosso próprio dentro
você é só olhar
aqueles olhos grandes cheios de coração remexido e guardado
não sou nem doida de tentar arrumar
prefiro dançar nesse salão bagunçado
até as coisas irem pro lugar com o vento dos meus rodopios
eu tinha saudades quando não te via
não lembro dos nossos planos
mas a gente se acha
mesmo depois de uma tarde por aí
ou uma noite por aqui
embaixo das estrelas que caem sobre nossas faces
há uma mensagem nelas
eu não consigo ler
talvez não estejam caindo
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Prazer em conhecê-lo
Rótulos demais, trejeitos demais.
Não os quero, dispenso.
Quem és tu pra dizer o que sinto ou o que penso?
Não sabes de nada, cale-se.
Não quero ouvir.
Não.
Rótulos de menos, trejeitos demais.
Assim está melhorando.
Espero que goste do que penso.
Ainda guardo um pouco.
Acho que prefiro assim.
Talvez.
Rótulos de menos, trejeitos de menos.
Bom, sendo assim...
Sinto tudo isso. Pronto, falei.
Estava certo desde a metade.
Guarda meu carinho com cuidado.
Sim.
Não os quero, dispenso.
Quem és tu pra dizer o que sinto ou o que penso?
Não sabes de nada, cale-se.
Não quero ouvir.
Não.
Rótulos de menos, trejeitos demais.
Assim está melhorando.
Espero que goste do que penso.
Ainda guardo um pouco.
Acho que prefiro assim.
Talvez.
Rótulos de menos, trejeitos de menos.
Bom, sendo assim...
Sinto tudo isso. Pronto, falei.
Estava certo desde a metade.
Guarda meu carinho com cuidado.
Sim.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Conjugar
São 2 da manhã e eu acordei pensando em amar. A gente ouve umas coisas sobre e concorda, né. É bom mesmo essa coisa de amar. É verbo, a gente ta sempre conjugando. Era o único que eu gostava de conjugar em todos os tempos e modos, mas meu favorito era o presente. Era o mais facil. Se não é dificil conjugar amar no presente e no papel, não há de ser no mundo. Amor bom é amor facil.
Bom mesmo é eu te amar desse jeito que tu é. Bom mesmo é tu me amares do jeito que eu sou. E se a gente mudar no caminho, a gente muda junto e de mãos dadas.
Bom mesmo é eu precisar e você também. É pedir pro Universo e ele fazer a gente se resolver. A gente é possibilidade. A gente sabe amar.
Como assim não sabe? Claro que sabe. A gente se permite, se aceita, se partilha. A gente caminha juntos e faz as coisas simples e bonitas. A gente se conjuga.
terça-feira, 5 de abril de 2016
Faz de conta que o café tá frio
Boa tarde, senhor. Já é quase boa noite. É, verdade.
Eu estava pensando, sabe?
Quero uma poesia mais simples.
Sem contagem de verso, sem rima obrigatória, sem muita intensidade, só com uns cadinhos grandes de coração bom mesmo.
Quero uma poesia de correr sem conseguir parar, de riso que não consegui prender, de sorriso que faz os moços chamarem pra dançar, que faz as crianças dançarem ciranda.
Uma poesia, nem a poesia.
Poesia que pousa no coração.
Poesia delicada que nem o soprar de um fogo pequenininho, de sair a fumacinha bonita e rodopiante.
Poesia que faz a gente ouvir uma música bonita no pé do ouvido da imaginação.
Poesia de fugir do pôr do sol pra ter mais tempo pra brincar.
Como assim já é bom dia? Passei a noite toda sonhando, senhor?
Desculpe, então, bom dia.
Então, me vê um café pra eu ver a fumacinha subir.
Esse café tá frio. Faz de conta que você bota pra esquentar de novo.
Obrigada.
Bonita fumacinha.
Pronto, agora vamos brincar de outra coisa.
Eu estava pensando, sabe?
Quero uma poesia mais simples.
Sem contagem de verso, sem rima obrigatória, sem muita intensidade, só com uns cadinhos grandes de coração bom mesmo.
Quero uma poesia de correr sem conseguir parar, de riso que não consegui prender, de sorriso que faz os moços chamarem pra dançar, que faz as crianças dançarem ciranda.
Uma poesia, nem a poesia.
Poesia que pousa no coração.
Poesia delicada que nem o soprar de um fogo pequenininho, de sair a fumacinha bonita e rodopiante.
Poesia que faz a gente ouvir uma música bonita no pé do ouvido da imaginação.
Poesia de fugir do pôr do sol pra ter mais tempo pra brincar.
Como assim já é bom dia? Passei a noite toda sonhando, senhor?
Desculpe, então, bom dia.
Então, me vê um café pra eu ver a fumacinha subir.
Esse café tá frio. Faz de conta que você bota pra esquentar de novo.
Obrigada.
Bonita fumacinha.
Pronto, agora vamos brincar de outra coisa.
Antes
Quero fazer parte disso antes que eu me esqueça.
E eu não quero esquecer da criança que corre
E que voa com os olhos fechados e o coração aberto.
Casas cheias de problemas, mas cheias de vida.
Céu cheio de sonhos e sorrisos doces.
Estou no alto, mas sou pequeno.
E há imensa beleza nisso.
Desço correndo, mas permaneço na altitude do meu devaneio.
E há razões curiosas nesse desvario.
Faço parte disso, mas, agora vejo, nunca hei de esquecer.
E eu não quero esquecer da criança que corre
E que voa com os olhos fechados e o coração aberto.
Casas cheias de problemas, mas cheias de vida.
Céu cheio de sonhos e sorrisos doces.
Estou no alto, mas sou pequeno.
E há imensa beleza nisso.
Desço correndo, mas permaneço na altitude do meu devaneio.
E há razões curiosas nesse desvario.
Faço parte disso, mas, agora vejo, nunca hei de esquecer.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
Fidelidade Bacante
Suas sobrancelhas arqueadas em expressão que beira a dor,
Expressão que beira amor.
O nome de seu amante em seus lábios,
Ela o repete como se pudesse ser ouvida, atendida.
Desejo, pecado, solidão.
O corpo dele era o lar, e ela dormia nas ruas.
Os outros cobiçavam a dama,
Mas ainda que seu corpo parecesse boêmio,
Sua mente ingênua lhe era fiel.
Os quadris juvenis dançavam movidos de paixão,
Os olhos se fechavam buscando sua imagem.
Seu maior medo era lhe decepcionar,
Trair-lhe com um pensamento involuntário se quer.
Irreverente ao mundo e submissa a um homem que não lhe via.
Pobre bacante, que nada sabe e tudo sente.
Expressão que beira amor.
O nome de seu amante em seus lábios,
Ela o repete como se pudesse ser ouvida, atendida.
Desejo, pecado, solidão.
O corpo dele era o lar, e ela dormia nas ruas.
Os outros cobiçavam a dama,
Mas ainda que seu corpo parecesse boêmio,
Sua mente ingênua lhe era fiel.
Os quadris juvenis dançavam movidos de paixão,
Os olhos se fechavam buscando sua imagem.
Seu maior medo era lhe decepcionar,
Trair-lhe com um pensamento involuntário se quer.
Irreverente ao mundo e submissa a um homem que não lhe via.
Pobre bacante, que nada sabe e tudo sente.
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